Motivo da existência das Armas
 
 

Nos primórdios da raça humana, devido à necessidade de caçar e de se proteger dos animais, o homem aprendeu como aumentar a distância e a eficiência dos membros usando armas feitas de pedra, madeira e, posteriormente, de metais.

Na China antiga, os mestres de artes marciais não podiam apenas saber lutar, eles precisavam saber, entre outras artes, a arte de confeccionar armas. A confecção de armas é uma parte importante da arte marcial que era e ainda é ensinada apenas para os membros da família, o que fez com que ela quase morresse. Hoje em dia, poucas pessoas sabem como fazer armas.

O mestre Cai Wen Yu acredita, porém, que esses ensinamentos, antes secretos, devem ser ensinados a todos os amantes da arte para que essa ciência não se perca como tantas outras no decorrer da historia.

Bastão

O bastão é uma das armas mais antigas da humanidade. Mil anos atrás, na China, usava-se a Jujubeira e a Tamareira, que eram abundantes, para a confecção de bastões. As árvores usadas eram de uma região em especial, Xixishau, e precisavam ser de encostas rochosas por passarem por grandes testes de resistência, tais como falta de água, excesso de sol e outras intempéries.


Para a confecção dos bastões as árvores deveriam ter entre dez e 20 anos. Segundo a tradição, existem bastões apropriados para homens, chamados de bastões Yang, cujas árvores ficavam em um local onde o sol era mais intenso. Os apropriados para as mulheres eram chamados de bastões Ying, e eram feitos de árvores que tinham uma iluminação escassa. As árvores Ying deveriam ser colhidas no verão e as árvores Yang no inverno. Na dinastia Song Chao, o primeiro imperador chinês, Zhao Kuang Yin, usou essa árvore para confeccionar sua arma pessoal e conquistar a China.

  Mestre Cai Wen Yu treinando lança do Xing Yi Quan
 
   
 
   
 
   
 
 

Mil anos após o imperador Zhao Kuang Yin, em Wu Tang Shan houve um monge que descobriu a árvore Bai La Gang para confeccionar bastões. Essa árvore cresce muito devagar, e suas frutas e folhas servem para fazer medicamentos.

Para a confecção de bastões existem dois tipos de Bai La Gang: um é o natural, e o outro é o criado em vaso. Para encontrar uma boa árvore natural, era necessário se adentrar muito nas florestas. Para a criação de um Bai La Gang em vaso, não se poderia usar muda ou raiz, mas somente a semente. O vaso precisa ser bastante grande e deveria ser enchido apenas com terra Bagua.

No período de um dia ao longo dos anos, o vaso deveria ser trocado de posição, sempre de acordo com o sol, e deveria ser girado para que o tronco da raiz recebesse igualmente o sol de todos os lados, fazendo com que, assim, o bastão se tornasse simétrico tanto na forma quanto na resistência.

Tanto a jujubeira e tamareira quanto a Bai La Gang não poderiam ser descascadas sem antes passar por um processo de fortalecimento das fibras. Elas deveriam ser mergulhadas sob a lama dos rios por um período de 64 dias. Depois o bastão deveria ser cuidadosamente passado no fogo, em um forno, alternando com batidas sobre a lama e voltando ao forno por 16 dias. E só então é que poderia ser removida a casca, e a arte seria feita sobre a madeira, esculpindo-se ou pintando-se algo.

Só um bastão feito dessa forma poderia ter vida e energia ao ser usado, e quanto mais usado melhor ficaria. O melhor bastão poderia ser envergado até suas extremidades se tocarem. Quando usado, o bastão poderia ser duro como aço, e mole como um chicote.

O bastão deveria estar sempre à mão. Onde quer que seu dono fosse, deveria ser levado, e também quando o dono fosse dormir. Só dessa forma o bastão e o seu dono seriam algo único, com a mesma energia.

Os bastões de hoje não são como os de antigamente. São apenas equipamentos para exercícios de saúde, e não armas de guerra.

 
 
Contato: Mestre Cai Wen Yu - (11) 97512-1842